PARALISIA CEREBRAL

A paralisia cerebral é uma expressão usada para descrever um grupo complexo de distúrbios persistentes de origem no sistema nervoso central. Ela é caracterizada por coordenação muscular prejudicada, anormalidades no desenvolvimento de movimento e postura e/ou outras deficiências devido a lesões não progressivas de cérebro imaturo.

Ela pode ser classificada combinando as características anatômicas, fisiológicas e funcionais para avaliar a localização e gravidade da lesão, decisões de tratamento e prever o resultado funcional. Dessa forma, considera-se a natureza do comprometimento motor revelado pelo exame neurológico (paresia, anormalidades do tônus ​​motor incluindo hipertonia, hipotonia, distonia, discinesia e ataxia), área de disfunção cerebral presumida (piramidal, extrapiramidal ou cerebelar), partes do corpo afetadas (diplegia, hemiplegia, quadriplegia) e o nível de severidade.

Pode ser leve quando a pessoa se move sem assistência sem limitações das atividades diárias, moderado onde há necessidade de aparelhos, medicamentos e tecnologia adaptativa para realizar atividades diárias, ou grave se necessitar de cadeira de rodas e terá desafios significativos para realizar as atividades diárias.

Os fatores de risco que justificam uma avaliação ou vigilância mais rigorosa para paralisia cerebral englobam predominantemente fatores pré-natais e perinatais como parto prematuro, baixo peso de nascimento,  encefalopatia neonatal, sepse neonatal. O principal fator pós-natal é a meningite.

Historicamente, a asfixia já foi considerada a principal causa de PC, mas nessa época o termo não era usado de forma bem definida e frequentemente era empregado para descrever a necessidade de oxigênio no nascimento. Tendo em vista que de um terço à metade das crianças com paralisia cerebral precisam de outros fatores de risco para explicar melhor a condição, suspeita-se de possível contribuição de variáveis genéticas muito complexas, semelhante ao que ocorre em outros distúrbios do neurodesenvolvimento como a deficiência intelectual

Aproximadamente 50% das pessoas com paralisia cerebral apresentam atrasos intelectuais/dificuldades de aprendizagem, principalmente em crianças com transtorno convulsivo e com maior gravidade de comprometimento motor. Os casos de dificuldades de fala e linguagem abrangem 50% da população com paralisia cerebral. Também é comum problemas de atenção, deficiência visual, deficiência auditiva, convulsões, distúrbios do sono e anormalidades comportamentais, incluindo TDAH.

Embora os déficits neurológicos associados à paralisia cerebral não sejam progressivos, o prognóstico varia dependendo da gravidade, do efeito no nível funcional alcançado e das condições de saúde associadas.

A paralisia cerebral é diagnosticada clinicamente com base nos achados da história e do exame físico. Os primeiros sinais clínicos da paralisia cerebral geralmente são atrasos no desenvolvimento motor e podem se apresentar a qualquer momento de 1 semana a 36 meses, com idade média de 19 meses. Às vezes, a paralisia cerebral leve é ​​difícil de distinguir de outros problemas de neurodesenvolvimento e pode se apresentar até os 5 anos de idade.

As crianças que apresentam sinais de paralisia cerebral (PC) devem ser encaminhadas para avaliação e tratamento o mais rápido possível. Os objetivos gerais do tratamento são melhorar a função, a participação e a mobilidade, ao mesmo tempo em que reduzem as complicações secundárias e a dor, para tanto, é fundamental a participação de uma equipe multidisciplinar.