TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade

O transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é uma síndrome neurocomportamental caracterizada pela presença persistente de desatenção, hiperatividade e impulsividade, que interfere no desenvolvimento do indivíduo, podendo gerar distúrbios motores, perceptivos, cognitivos e comportamentais.

O TDAH é atualmente o transtorno neurocomportamental mais frequente na infância, afetando cerca de 13% das crianças brasileiras, com predomínio global no sexo masculino, na proporção de 3 meninos: 1 menina. A etiologia é multifatorial, englobando fatores genéticos e ambientais. Estudos evidenciam que pais com diagnóstico de TDAH apresentam chance duas a oito vezes maior de terem filhos afetados pelo mesmo transtorno. Ademais, estudos com crianças adotadas mostram que a prevalência de TDAH em seus pais biológicos é até 5 vezes maior que a dos pais adotivos, apontando que o TDAH tem forte atuação genética, com certa influência de fatores ambientais.

De uma forma geral, as queixas são basicamente as mesmas: elas têm dificuldades para manter atenção em atividades muito longas, repetitivas ou que não lhes sejam interessantes. São facilmente distraídas por estímulos do ambiente externo, mas também se distraem com pensamentos “internos”, isto é, vivem “voando”. Nas provas, são visíveis os erros por distração (erram sinais, vírgulas, acentos, etc.). Como a atenção é imprescindível para o bom funcionamento da memória, elas em geral são tidas como “esquecidas”: esquecem recados ou material escolar, aquilo que estudaram na véspera da prova, etc. (o “esquecimento” é uma das principais queixas dos pais). Quando elas se dedicam a fazer algo estimulante ou do seu interesse, conseguem permanecer mais tranquilas. Isto ocorre porque os centros de prazer no cérebro são ativados e conseguem dar um melhoramento no centro da atenção que é ligado a ele, passando a funcionar em níveis normais. O fato de uma criança conseguir ficar concentrada em alguma atividade não exclui o diagnóstico de TDAH.

Quando há predominância das características de hiperatividade, a criança parece estar ligada a um motor, pela agitação psicomotora quase constante. Os pais referem que, até ao dormir, elas se movimentam bastante na cama. Sem contar com a impulsividade, que confere um comportamento difícil de lidar: não esperam o fim de perguntas, respondendo antes do tempo; interrompem conversas e não esperam sua vez em filas.


O diagnóstico do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade/Impulsividade perpassa por uma questão mais complexa do que imaginamos, pois precisamos ter cuidado com as reais demandas da família e da escola, sobretudo quanto ao processo de escolarização. Os critérios clínicos são claros e precisam atender ao que especifica o Manual de Diagnóstico e Estatística (DSM) os sintomas devem ser observados até os 12 anos, além de estar presente por pelo menos seis meses do período da contemplação clínica. Em geral, consegue-se determinar esse quadro comportamental a partir dos 6 anos de idade, pois os critérios são observados mais claramente.

A prática diária nos mostra claramente que o tratamento deve ser combinado: medicamentos e terapias de reabilitação psicoterápica, psicopedagógica e até mesmo  terapia ocupacional. E, nesse ambiente preparado para o acolhimento, a criança pode manifestar seus desejos e suas percepções. Os resultados são vistos, em geral, em poucos meses; e, quanto mais precocemente, mais oportunidades de avanços na concentração e rendimento escolar.

O que se deve deixar é que não se trata de uma doença, mas sim uma característica genética. É comum, inclusive, os pais se identificarem durante a consulta como portadores do mesmo comportamento do filho. Portanto, o ambiente exerce fundamental importância, sendo essa a premissa do tratamento. Urge o envolvimento de toda a família no processo.