O TEA é um transtorno do desenvolvimento neurológico, caracterizado por dificuldades de comunicação e interação social e pela presença de comportamentos e/ou interesses repetitivos ou restritos com gravidade de apresentação variável.
A marca do TEA é o déficit na comunicação não verbal que varia desde a total falta de expressão facial até a inexistência da integração da comunicação gestual (contato visual, sorriso, apontar, acenar com a cabeça, mandar beijo, dar de ombros) com a comunicação verbal. A linguagem receptiva, geralmente, é menos comprometida do que a linguagem expressiva em crianças altamente verbais com TEA.
A causa do TEA ainda não é bem estabelecida. Trata-se de um transtorno multifatorial com importante influência genética, alta herdabilidade e associação com alguns fatores de risco ambientais. Estima-se que as alterações genéticas sejam responsáveis por 10 a 30% dos diagnósticos de TEA e alguns estudos indicam uma
herdabilidade de até 90%.
O início dos sintomas pode se tornar aparente no primeiro ano de vida, ou pode ocorrer um desenvolvimento normal até 12-18 meses de idade, e então sobrevém a regressão da linguagem e/ou das habilidades sociais, o que ocorre em até 30% dos casos. O mais típico é acontecer uma parada no desenvolvimento após os 6 meses de idade, como um platô, ou ocorrer a desaceleração do desenvolvimento acompanhado de alguma perda das habilidades na comunicação social, como a atenção
conjunta, afeto compartilhado e uso da linguagem.
O diagnóstico é clínico, baseado nos
critérios do DSM-V, sendo composto por entrevista detalhada, exames físico e neurológico completos. Após confirmar o diagnóstico, investiga-se a
sua etiologia por meio de exames complementares como neuroimagem,
eletroencefalograma ou triagem metabólica, por exemplo, indicados de modo
direcionado conforme cada caso.
O tratamento do autismo envolve uma
abordagem multidisciplinar. É comum a manifestação de distúrbios psiquiátricos,
como transtorno do déficit de atenção/hiperatividade [TDAH], transtorno de
ansiedade, depressão e transtorno bipolar, associados ao TEA, além de
deficiência intelectual, epilepsia e distúrbios do sono. Portanto, a abordagem terapêutica deve
ser individualizada avaliando as necessidades de cada paciente, tendo como
princípio a terapia multidisciplinar somada à orientação familiar e, em alguns
casos, à terapia farmacológica, destinada a controlar sintomas-alvo.
Evidências acumuladas
nos últimos anos mostram que quanto mais precoce a criança com TEA for
diagnosticada e tratada, melhor será seu prognóstico. Um dos objetivos
principais da terapêutica é capacitar a criança para que ela seja
autossuficiente e assim possa ter uma boa qualidade de vida